Tentei fugir dos clichês, tipo comercial de supermercado… Espero que gostem, foi um texto sincero.

Escreva um texto sobre o tema “O que me faz feliz”.

Eu gostaria muito de poder traduzir em palavras o que me faz feliz, mas eu sei que não consigo porque não sei a resposta. Aliás, duvido que alguém saiba, e pior: duvido ainda mais que exista alguém feliz o bastante para poder descrever os motivos de sua felicidade.

Não que eu seja triste, absolutamente, não sou. Tenho bons motivos para acordar pela manhã e sou plenamente capaz de contemplar um lindo dia de sol, de amar e receber amor, de rir ou de chorar. Como todo mundo nesta vida tenho dias bons e dias ruins. Me esforço para entender minhas emoções e respeitá-las o suficiente para viver um dia de cada vez.

A esta altura da vida consigo fazer escolhas com base nas coisas que gosto e que não gosto, que preciso, que quero. Nem sempre acerto, mas tento aprender com meus fracassos. Às vezes choro, me emociono, desanimo. Outras vezes, me empolgo e acho tudo lindo, colorido. Tenho momentos de excitação para o bem e para o mal, mas não sei dizer se sou feliz. Não o tempo todo.

Assim, como poderia dizer “o que me faz feliz”? Que autoridade eu teria para isso se nem mesmo sei se sou feliz? Como teria certeza de um sentimento tão utópico? Se não posso afirmar que sou feliz da mesma forma que também não afirmo que sou triste, o que posso afirmar então?

Por outro lado, afirmo – isso sim com a clareza de um cristal – que, embora sem saber se existe realmente a tal felicidade, corro atrás dela como se minha vida dependesse disso e, de certa forma, depende. Procuro a felicidade incansavelmente todos os dias. Ando à sua caça diligentemente como um atleta que deseja superar os recordes mundiais em sua modalidade.

Sigo diligentemente suas pistas. Sim, elas existem, e cada pista revela uma possibilidade, uma essência de felicidade, uma esperança de estar mais perto desse horizonte infinito onde, afinal, seremos felizes de fato. Essas pistas estão por toda a parte e assumem diferentes formas a cada minuto: ora estão no sorriso de uma criança, ora em uma flor. Às vezes se materializam quando ando de mãos dadas com alguém que eu amo e que me ama de volta.

Já encontrei pistas da felicidade num bolo que cresceu como deveria, num artigo científico publicado, num pôr de sol, naquele capuccino perfeito ou em um prato de comida bem feita. Mas elas são tão voláteis… Todas as vezes em que pensei ter chegado ao lugar onde a felicidade mora, ela sempre me escapa, some no ar e se desfaz como fumaça. E aí sou obrigada a procurar de novo e uma nova pista surge como uma pequena faísca distante e tão nebulosa que mal consigo entender sua forma.

Nessa hora trato de fixar o olhar e ajustar o foco para, então, dar novos passos determinados em sua direção. Eu já sei que, no exato instante em que eu conseguir alcançá-la, a pista vai se desfazer novamente… Mas o processo vale a pena. Quando estou nesse caminho de busca me sinto bem, me realizo, me energizo. E, talvez, seja isso o que me faz feliz.