Escreva um texto com 30 frases em que cada uma delas comece sempre com a segunda palavra da frase anterior

Parecia um dia normal como qualquer outro. Acordei no mesmo horário de sempre, como de costume tomei meu café e comi uma torrada com requeijão, liguei a tv.

Ignorei solenemente um sinal que tentou me mostrar que o dia poderia ser qualquer coisa menos normal: gorgeio de pássaros na minha janela? Onde moro isso é muito raro, normal mesmo seriam sirenes de polícia ou de ambulâncias. Os carros que buzinam na avenida costumam me acordar antes mesmo do alerta do meu celular!

Sempre me perguntei como seria morar num lugar silencioso e tranquilo… Era uma sensação tão boa que essa atmosfera me envolveu por alguns segundos até que a campainha da porta tocou me trazendo de volta à realidade.

“Rápido, Elisa!” Abandonei meu café pela metade em cima da mesa e disparei escadaria abaixo com minha vizinha me puxando pelo braço numa urgência que eu era incapaz de entender.

Bastou chegarmos na entrada do prédio para constatar que o que estava estranho ficou bizarro: avistamos uma rua totalmente despovoada: vazia! Ambas ficamos atônitas olhando para uma rua deserta onde apenas pássaros coloridos cantavam e nenhum ser humano (além de nós) era avistado. Máquinas também não existiam ali. A visão dessa rua deserta cujo silêncio era quebrado somente pelos assovios doces dos passarinhos nos deixou pasmas em pé na porta do prédio por um bom tempo…

“Vera, isso é real?” Eu não podia crer no que meus olhos viam e precisei perguntar em voz alta para conferir. Um único gesto de levantar os ombros meneando a cabeça sem saber o que responder foi o que Vera conseguir me dar como resposta quando percebemos que até mesmo o som dos pássaros havia cessado e o silêncio mais absurdo se instalou ao nosso redor. Medrosa e lentamente voltamos nossos olhos para a rua e sentimos que o tempo havia parado à nossa volta.

Esperamos alguns segundos para constatar que era realmente isso o que estava acontecendo. Subimos aos gritos e voando escadas acima de volta ao meu apartamento. Um pavor indescritível havia tomado conta de nós quando, magicamente, a rua voltou ao seu normal. Ruído dos motores e buzinas voltaram a preencher o vazio de som de instantes atrás.

Uma sensação mista de medo e paz nos levou a concluir que esse mundo barulhento é parte da vida que levamos e que aquele silêncio nos mostra que a vida precisa de pausas e isso pode ser muito assustador.

Meditamos um pouco sobre isso em silêncio e enquanto nos despedíamos com um abraço apertado ouvi uma sirene quase ensurdecedora que me fez pular da cama e entender que tive o sonho mais bizarro da vida e que o dia havia começado de verdade só agora.

Estava saindo para trabalhar ainda um tanto pensativa quando encontrei Vera parada com o rosto para fora da porta do prédio como quem investiga se é seguro sair dali. Sensivelmente atingidas por um choque mútuo de dèja vú, entrecruzamos olhares e inclinamos a cabeça em um tímido cumprimento para logo sairmos pela rua em passos rápidos sem nos atrever a levantar os olhos do chão.