Cada texto é uma história, por mais redundante que essa frase possa ser. Às vezes sinto que as palavras fluem como as águas de um rio limpo e claro, correndo com a força e a certeza de estar seguindo seu rumo natural. Quando vem assim tão facilmente e claras, têm o poder de lavar a alma de quem escreve e de quem lê.  Outras vezes, porém, elas são incertas: vem e vão em uma dúvida insistente e incômoda, e ficam sem saber se deveriam realmente estar ali. Para essas há a garantia de um eterno retorno, de uma reescrita mental que nunca tem fim.

Há dias em que elas saem sofridas, doloridas. Chegam lentas e vão sangrando desde a alma até a tela, prontas para ferir também os leitores que ousarem enfrentá-las com seus olhos atrevidos. Nesses dias, escrever pode ser um verdadeiro suplício, um teste de resistência, uma agonia em frente ao espelho cruel que revela verdades que, talvez, nunca deveriam ter sido ditas.

Mas o mais certo é que escrever é o mesmo que sentir – a mim mesma, aos outros, a alguém inventado ou real. Escrever é dar aos sentimentos um reduzido formato de palavras inseguras e limitadas. Eu sinto tudo o que eu escrevo e escrevo tudo o que sinto. Ou não. Sinto muito.